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Falta de insumo atrasa envase dos imunizantes
A campanha de imunização brasileira contra a covid-19, que enfrenta contratempos e atrasos desde o início, corre o risco de ficar ainda mais lenta quando for convocado o grupo de pessoas com doenças vulneráveis à covid-19, uma vez que a falta de doses obrigará uma rígida fiscalização daqueles que serão vacinados.
No pior momento da pandemia no Brasil, com média diária de quase 3.000 mortes nos últimos dias e o esgotamento dos sistemas de saúde, a vacinação é a principal esperança da população contra o coronavírus, o que tem provocado filas e aglomerações em busca da imunização em diferentes cidades do país.
Ao passar para um grupo total de 17,8 milhões de pessoas com 18 a 59 anos com doenças como diabetes, hipertensão, insuficiência renal e doenças cardiovasculares, essa situação pode se agravar mediante a falta de doses e a necessidade de confirmação da condição de saúde por meio de documentos antes da aplicação das vacinas, de acordo com especialistas em imunização.
"A complexidade com o grupo das comorbidades vai ser enorme para verificar se a pessoa tem ou não aquela doença, para comprovar a comorbidade", disse o médico Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), lembrando que a principal causa do problema é a escassez de doses.
Apesar de o Brasil ter experiência em vacinação de pessoas com comorbidades devido à campanha anual de imunização contra a gripe, a situação agora é bastante diferente devido à restrição de vacinas, de acordo com a epidemiologista Carla Domingues, ex-chefe do Programa Nacional de Imunização (PNI).
Segundo ela, o Ministério da Saúde deveria realizar um pré-cadastro de pessoas com comorbidades a serem vacinadas para organizar a próxima etapa de vacinação, a exemplo do que tem sido feito em outros países.
"A gente vai ver filas, ver dificuldades. Todos os países estão fazendo o pré-cadastro das pessoas, e a gente continua insistindo em mandar a população ficar quatro ou cinco horas na fila", afirmou.
"Já está acontecendo fila em todo lugar, principalmente nos grandes centros. Com comorbidades vai sair ainda pior. A pessoa tem que ler o documento, tem que ver se vale ou se não vale, então se a gente fizesse um pré-cadastro facilitaria muito, principalmente porque você não vai ter dose suficiente. Chega a ser uma humilhação você fazer uma pessoa já com uma doença ficar quatro ou cinco horas na fila e não ser vacinada porque acabou a vacina", acrescentou.
A campanha de imunização brasileira contra a Covid segue em ritmo lento desde o início, em janeiro, uma vez que o governo federal demorou a fechar contratos com fornecedores e depende até o momento exclusivamente da produção local pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Butantan.
Com 47,5 milhões de vacinas entregues aos Estados até o momento, o Brasil chegou a 60% das doses necessárias para vacinar com duas doses os idosos, profissionais de saúde e demais integrantes dos primeiros grupos prioritários, que somam mais de 38 milhões de pessoas. Essa etapa deve ser concluída entre abril e maio, dando início a seguir às pessoas com comorbidades.
A promessa do Ministério da Saúde era vacinar as 77,2 milhões de pessoas de todos os grupos prioritários até julho, o que demandaria cerca de 155 milhões de doses, mas o país só tem um total de 90 milhões de doses 100% garantidas até o momento (48,3 milhões da Fiocruz e 40,7 milhões do Butantan).
O Brasil aplicou a primeira dose em pouco mais de 19 milhões de pessoas até o momento, o equivalente a 9% da população, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
REDE DESPREPARADA
O Butantan espera completar 100 milhões de doses entregues até o fim de agosto, mas o instituto depende da chegada de novos insumos a serem enviados pelo laboratório chinês Sinovac. A próxima entrega, que era esperada para esta semana, foi adiada até 20 de abril, despertando temores sobre futuros atrasos.
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